Ser pai tem sido um desafio maravilhoso na minha jornada nesta Terra. Ter um filho é uma alegria e uma satisfação difíceis de explicar em palavras. É um presente de Deus. Quando temos um filho, não pensamos na possibilidade de perdê-los. Até que um dia eles adoecem. Foi o que aconteceu conosco: certa noite, nossa filha de um ano acordou com febre alta e teve uma convulsão. Nem sei quantas leis de trânsito infringi, mas chegamos ao hospital e, no fim, tudo ficou bem.
Essa experiência foi angustiante, e em certo momento me veio à mente a possibilidade de perder minha filha. É uma sensação que não desejo a ninguém. Mas, infelizmente, alguns pais perdem seus filhos. Ao longo da nossa vida, infelizmente, perdemos pessoas queridas.
Como cristão, procurei refletir, à luz da Bíblia, uma palavra que trouxesse entendimento sobre esse episódio que passamos em casa. Então, comecei a meditar na passagem em que Maria perde Jesus, ainda criança.
“Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém para a Festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos de idade, subiram à festa, conforme o costume. Terminada a festa, enquanto os seus pais voltavam para casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, mas os seus pais não perceberam. Assim, por pensarem que o menino estava entre os companheiros de viagem, caminharam o dia todo. Então, começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Como não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo. Depois de três dias o encontraram no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com o seu entendimento e com as suas respostas. Quando os seus pais o viram, ficaram perplexos. Então, sua mãe lhe disse: — Filho, por que você fez isso conosco? Seu pai e eu estávamos aflitos à sua procura. Ele respondeu: — Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?” (Lucas 2:41-49)
Imagine ficar três dias procurando seu filho. Imagine a aflição de Maria e José ao pensarem na possibilidade de terem perdido seu filho. Se na atualidade já é terrível o que pode acontecer a uma criança desaparecida, imagine no mundo antigo.
Além do desespero da mãe de Jesus nesse episódio, provavelmente passou pelo coração dela o sentimento de falhar na missão que lhe tinha sido confiada. Mas, no fim, tudo estava conforme Deus tinha planejado. Em outro momento, Maria passa novamente por momentos angustiantes. Dessa vez, seu filho amado está sendo morto na cruz.
“Junto à cruz de Jesus estavam a sua mãe” (João 19:25).
Ali parecia que realmente tudo havia acabado; seu filho morreu. Muitas vezes lemos os textos bíblicos e esquecemos de ter um olhar humano para os personagens ali citados. Imagine uma mãe assistindo a seu filho inocente sendo brutalmente executado como um criminoso. Agora que sou pai, leio esses textos com uma emoção a mais. Ali, provavelmente ainda sem entender o plano eterno de Deus, Maria novamente pensou ter falhado na missão. Mas, mais uma vez, Deus se mostra presente; tudo está de acordo com o plano eterno do Senhor, e ao terceiro dia Jesus ressuscita. Provavelmente, foi algo muito especial quando sua mãe teve a notícia da ressurreição, e mesmo sem uma passagem nas Escrituras narrando isso, consigo imaginar esse reencontro.
Na primeira passagem, seu filho estava desaparecido e foi encontrado; na segunda, ele morreu, mas ressuscitou. Em ambos os momentos, temos aflição e conforto. Assim é em nossa vida: momentos ruins acontecem, preocupações chegam, mas são passageiras. Mas você pode estar se perguntando: “E se alguém que eu amo morrer? Essa pessoa não irá ressuscitar ao terceiro dia.” Se você é cristão, tem a convicção de que quem está em Cristo, ainda que morra, viverá. E, assim como Cristo ressuscitou, um dia ressuscitaremos e estaremos todos juntos vivendo eternamente, onde nenhuma aflição poderá nos alcançar.
“Deus, pelo seu poder, ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará” (1 Coríntios 6:14).
Infelizmente, estamos sujeitos a esse tipo de sofrimento. Ficar aflito e triste quando isso acontecer é normal; você não é menos cristão por isso. Se até a mãe do Deus-homem ficou aflita, quem dirá nós. Talvez, quando esses momentos chegarem, você também pense que falhou em algo. Muitas vezes achamos que temos poder e controle sobre as coisas, e esse tipo de pensamento só nos engana e nos faz decepcionar quando as coisas fogem do controle. Tenha em mente que, se algo ruim aconteceu com alguém que você ama, provavelmente você fez tudo o que estava ao seu alcance, mas somos limitados. A vida é assim; há coisas que fogem do nosso controle. Descanse em Deus. No fim, tudo ficará bem, mesmo que o agora seja triste. O plano eterno de Deus para seus filhos é de alegria sublime.